ADRIANA FLORIO CAIRO
(Dri Cairo)
(Sorocaba, Estado de São Paulo, Brasil)
Estudou Publicidade e Propaganda na instituição de ensino PUC-Campinas
Frequentou de 1987 a 1990
adrianacairo@terra.com.br
XI COLETÂNEA SÉCULO XXI Homenagem ao escritor Gilberto Mendonça Teles nos seus 90 anos. Editor Jean Carlos Gomes. Textos sobre o autor por Anderson Braga Horta, Irany Innocente Telles, Euripedes Leôncio Carneiro, Maria de Fátima Gonçalves Lima, Flávia Souza Lima, Luiz Otávio Oliani, Ricardo Viana Lima, Vicente Melo, Raquel Naveira, Jean Carlos Gomes, Reynaldo Valinho Alvarez, Rosemary Ferreira de Souza, Rosimeire Soares. Tanussi Cardoso, Vicente Melo, Antonio Miranda, Olga Savary e Alexei Bueno. Volta Redonda, RYJ: Gráfica Drumond, 2021. 138 p.
O ANO SEM FIM
Tudo parece irreal,
Tamanha a realidade de tudo.
Rugas incrustraram nos rostos,
Agarraram-se a nossas almas.
Nós não cantamos parabéns,
Mas nunca nos sentimos tão velhos.
Fizeram-se cicatrizes nos peitos
E a dor nos tomou por morada.
Ausências se fizeram presentes;
O efêmero virou eterno.,
Pó e nunca mais.
O novo tornou-se velho;
O velho virou novo.
Existiu um réveillon
Mas o ano não acabou!
COLETÂNEA VIAGEM PELA ESCRITA. Vol. VII – Homenagem ao poeta Reynaldo Valinho Alvarez. Org. de Jean Carlos Drumond. Comentários por Álvaro Alves de Faria, Anderson Braga Horta, Antonio Miranda, Antonio Torres, Gilberto Mendonça Teles, José Eduardo Degrazia. Volta Redonda, RJ: PoetArt Editora, 2020.
100 p.
ADRIANA FLORIO CAIRO foi a PRIMEIRA COLOCADA na edição da coletânea.
OS OLHOS DE MEU FILHO
Quando vejo os olhos tristes de meu filho,
Vejo todos os meus erros, conhecidos e não.
Um vazio me rasga de cima a baixo.
Sinto a impotência de um amor sem fim,
E me desespero!
Os olhos de meu filho têm poder
De vida e morte, tortura e mansidão.
Às vezes, me elevam ao céu
Com uma ternura quente, profunda e visceral.
Às vezes, esfregam minha alma no chão.
Sobram fiapos de carne viva
Que não consigo remendar
E feneço.
Os olhos de meu filho têm poder
De céu e inferno, esperança e aflição.
Todos os dias, meus olhos se erguem aos céus
E rogo para serem
Apenas e mais nada
Os olhos felizes de meu filho que eu veja
No dia em que os meus anoitecerem!
À FLORIBELA
Tua alma atormentada é também minha
Como meus são teus pecados
E todo o desespero, loucura e demência.
Grito contigo quando pede socorro
E me calo contigo quando sangra por dentro.
Sangramos.
Somos uma mesma alma intensa a ingerir comprimidos
Pra anestesiar a vida.
Também nunca fui a favorita
E essa sanha de entender o porquê
Nos fecha num mundo só nosso
Em que há saudade dos nadas vividos
E angústia pelos nadas que virão.
Tua alma pelo mundo atormentada
Sabe-se, por ele, também culpada
Pois erras ao viver tuas fantasias
E morres ao não fazê-lo.
Por fim, nos acostumamos a se sós,
A gente faz de conta que não dói
E toma mais um comprimido.
SONETO DA DESESPERANÇA
Esquecer-me eu deveria
E me esforço pra entender
Podia tudo, e o queria
Crescer, amar, transcender!
Seus sonhos eram tão lindos
E agora nada restou
Desespero vendo findos
Valores que dia prezou.
Meus olhos correm em torno
E um caminho só de ida
Vejo você percorrer.
Precisa haver um retorno
Que em toda história de via
É possível se fazer!
*
Página ampliada e republicada em março de 2022.
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Página publicada em junho de 2021
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